A Herança Emocional do Dinheiro: Quebrando o Ciclo de Crenças Negativas em 4 etapas

As crenças e atitudes que temos em relação ao dinheiro são profundamente influenciadas pela herança emocional do dinheiro que recebemos de nossa família. 

Várias pesquisas de renomados autores vêm apresentando estudos sobre a influência geracional e suas interferências no comportamento familiar. O que fazer então, para quebrar o ciclo de crenças negativas que permanecem irraizados na nossa mente?

Cabe mencionar aqui o livro “Relações com o dinheiro na família“, de Maria Neves Manfredini, que explica as relações familiares com o dinheiro nas diferentes fases do ciclo vital da família (aquisição, adolescente, madura e última) e aborda como muitas crenças podem nos impedir de alcançar a prosperidade financeira que desejamos. 

Ainda assim, a Economia Comportamental e os princípios apresentados por James Clear em seu livro “Hábitos Atômicos” oferecem insights valiosos sobre como podemos transformar nossos hábitos e crenças limitantes em relação ao dinheiro, e criar uma realidade financeira.

A Transmissão de Crenças Financeiras na Família

A psicóloga Manfredini explica no seu livro, que as crenças e comportamentos financeiros são transmitidos de geração em geração, e portanto tratada como Herança Emocional, muitas vezes de forma inconsciente. Essas crenças podem ser positivas, como “o dinheiro é uma ferramenta para realizar sonhos“, ou negativas, como “dinheiro é a raiz de todos os males“. 

A forma como os pais lidam com o dinheiro tem um impacto significativo na maneira como os filhos se relacionarão com as finanças no futuro. Se os pais demonstram ansiedade, medo ou descontrole em relação ao dinheiro, é provável que os filhos internalizem essas mesmas emoções e comportamentos.

A Economia Comportamental, um campo que combina insights da psicologia e da economia, nos ajuda a entender como essas crenças e comportamentos são formados e perpetuados. 

De acordo com a teoria da perspectiva, desenvolvida por Daniel Kahneman e Amos Tversky, as pessoas tendem a tomar decisões com base em ganhos e perdas percebidos, em vez de resultados absolutos. 

Isso significa que a maneira como enquadramos nossas experiências financeiras pode ter um impacto significativo em nossas crenças e comportamentos futuros.

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Identificar e Desafiar Crenças Limitantes

Para quebrar o ciclo de crenças negativas sobre o dinheiro, é essencial identificar nossas próprias crenças limitantes através de reflexões sobre as mensagens que recebemos no que se refere ao dinheiro durante a infância e como elas influenciam nossa relação atual com as finanças. 

Ao nos conscientizarmos de nossas crenças limitantes, podemos começar a questioná-las e substituí-las por crenças mais fortalecedoras e desta forma contribuir para que a herança emocional do dinheiro possa ser alterada.

A Economia Comportamental nos ensina ainda que nossas crenças e comportamentos são influenciados por uma variedade de vieses cognitivos, como por exemplo, o viés de confirmação nos leva a buscar informações que confirmam nossas crenças existentes, enquanto ignoramos evidências contrárias. 

Ao nos conscientizarmos desses vieses, podemos tomar medidas para desafiá-los e considerar perspectivas alternativas. Hoje já temos mapeados mais de 180 vieses cognitivos, por isso devemos entender os mais frequentes.

Dinheiro e Familia

Criar Novos Hábitos Financeiros

Cabe mencionar também, James Clear, em seu livro “Hábitos Atômicos“, que argumenta sobre como pequenas mudanças consistentes em nossos hábitos podem levar a transformações significativas ao longo do tempo. 

Ele propõe um modelo de quatro etapas para a criação de novos hábitos: estímulo, desejo, resposta e recompensa. Ao aplicar esse modelo à nossa relação com o dinheiro, podemos criar hábitos financeiros mais saudáveis e sustentáveis.

1. **Estímulo** Identifique os gatilhos que desencadeiam comportamentos financeiros indesejados e crie deixas para novos hábitos. Por exemplo, se você tende a gastar impulsivamente quando está estressado, crie uma deixa para uma atividade alternativa, como fazer uma caminhada ou meditar.

2. **Desejo:** Associe seus novos hábitos financeiros a resultados desejáveis. Em vez de se concentrar na privação, concentre-se nos benefícios de longo prazo de poupar e investir, como segurança financeira e liberdade de escolha.

3. **Resposta:** Torne seus novos hábitos financeiros os mais fáceis e convenientes possível. Automatize suas economias e investimentos, simplifique seu orçamento e elimine tentações desnecessárias.

4. **Recompensa:** Celebre seus progressos e recompense-se por aderir aos seus novos hábitos financeiros. Encontre maneiras de tornar o processo de poupar e investir gratificante e satisfatório.

A Economia Comportamental também nos oferece insights sobre como podemos projetar nosso ambiente para apoiar nossos novos hábitos financeiros. Por exemplo, a teoria do empurrão (nudge theory), desenvolvida por Richard Thaler e Cass Sunstein, sugere que podemos influenciar o comportamento das pessoas através de pequenas mudanças em seu ambiente. 

Ao tornar as escolhas financeiras saudáveis mais fáceis e acessíveis, podemos “empurrar” a nós mesmos e a outros na direção de melhores decisões financeiras.

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Como Quebrar o Ciclo Intergeracional

Além de transformar nossa própria relação com o dinheiro, também temos a oportunidade de quebrar o ciclo intergeracional de crenças limitantes através da comunicação aberta, uma vez que falar abertamente sobre dinheiro com nossos filhos, ensinará habilidades financeiras básicas e modelará comportamentos saudáveis em relação às finanças.

A Economia Comportamental nos sugere que as crianças são particularmente suscetíveis a influências ambientais e sociais quando se trata de formar hábitos e crenças e por isso é importante envolver as crianças nas discussões sobre orçamento familiar, incentivar a poupança e o investimento desde cedo e demonstrar gratidão e generosidade em relação ao dinheiro, assim podemos ajudá-las a desenvolver uma mentalidade financeira saudável que as servirá ao longo da vida.

Construir um Futuro Financeiro Próspero

Transformar nossa relação com o dinheiro é uma jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal. Ao combinar os insights da Economia Comportamental com as estratégias práticas apresentadas por autores como Manfredini e Clear, nos ajuda a quebrar o ciclo de crenças negativas sobre o dinheiro e criar uma nova realidade financeira para nós mesmos e para as gerações futuras, independente da herança emocional que você tenha recebido.

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Conclusão: Lembre-se de que a mudança é possível.

Saiba que independentemente de sua história financeira ou das crenças limitantes que você possa ter herdado, com consciência, compromisso e ação consistente, você tem o poder de reescrever sua narrativa financeira e construir um futuro de prosperidade e abundância.

Comece hoje mesmo a desafiar suas crenças limitantes, criar novos hábitos financeiros e modelar uma relação saudável com o dinheiro para aqueles ao seu redor. Ao fazê-lo, você não apenas transformará sua própria vida financeira, mas também contribuirá para um mundo em que a educação financeira, a consciência e o empoderamento são normas praticáveis, e aquela herança emocional do dinheiro, caso negativa, pode perfeitamente ser substituída com esses novos hábitos.

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