As crenças e atitudes que temos em relação ao dinheiro são profundamente influenciadas pela herança emocional do dinheiro que recebemos de nossa família.
Várias pesquisas de renomados autores vêm apresentando estudos sobre a influência geracional e suas interferências no comportamento familiar. O que fazer então, para quebrar o ciclo de crenças negativas que permanecem irraizados na nossa mente?
Cabe mencionar aqui o livro “Relações com o dinheiro na família“, de Maria Neves Manfredini, que explica as relações familiares com o dinheiro nas diferentes fases do ciclo vital da família (aquisição, adolescente, madura e última) e aborda como muitas crenças podem nos impedir de alcançar a prosperidade financeira que desejamos.
Ainda assim, a Economia Comportamental e os princípios apresentados por James Clear em seu livro “Hábitos Atômicos” oferecem insights valiosos sobre como podemos transformar nossos hábitos e crenças limitantes em relação ao dinheiro, e criar uma realidade financeira.
A Transmissão de Crenças Financeiras na Família
A psicóloga Manfredini explica no seu livro, que as crenças e comportamentos financeiros são transmitidos de geração em geração, e portanto tratada como Herança Emocional, muitas vezes de forma inconsciente. Essas crenças podem ser positivas, como “o dinheiro é uma ferramenta para realizar sonhos“, ou negativas, como “dinheiro é a raiz de todos os males“.
A forma como os pais lidam com o dinheiro tem um impacto significativo na maneira como os filhos se relacionarão com as finanças no futuro. Se os pais demonstram ansiedade, medo ou descontrole em relação ao dinheiro, é provável que os filhos internalizem essas mesmas emoções e comportamentos.
A Economia Comportamental, um campo que combina insights da psicologia e da economia, nos ajuda a entender como essas crenças e comportamentos são formados e perpetuados.
De acordo com a teoria da perspectiva, desenvolvida por Daniel Kahneman e Amos Tversky, as pessoas tendem a tomar decisões com base em ganhos e perdas percebidos, em vez de resultados absolutos.
Isso significa que a maneira como enquadramos nossas experiências financeiras pode ter um impacto significativo em nossas crenças e comportamentos futuros.
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Identificar e Desafiar Crenças Limitantes
Para quebrar o ciclo de crenças negativas sobre o dinheiro, é essencial identificar nossas próprias crenças limitantes através de reflexões sobre as mensagens que recebemos no que se refere ao dinheiro durante a infância e como elas influenciam nossa relação atual com as finanças.
Ao nos conscientizarmos de nossas crenças limitantes, podemos começar a questioná-las e substituí-las por crenças mais fortalecedoras e desta forma contribuir para que a herança emocional do dinheiro possa ser alterada.
A Economia Comportamental nos ensina ainda que nossas crenças e comportamentos são influenciados por uma variedade de vieses cognitivos, como por exemplo, o viés de confirmação nos leva a buscar informações que confirmam nossas crenças existentes, enquanto ignoramos evidências contrárias.
Ao nos conscientizarmos desses vieses, podemos tomar medidas para desafiá-los e considerar perspectivas alternativas. Hoje já temos mapeados mais de 180 vieses cognitivos, por isso devemos entender os mais frequentes.
Criar Novos Hábitos Financeiros
Cabe mencionar também, James Clear, em seu livro “Hábitos Atômicos“, que argumenta sobre como pequenas mudanças consistentes em nossos hábitos podem levar a transformações significativas ao longo do tempo.
Ele propõe um modelo de quatro etapas para a criação de novos hábitos: estímulo, desejo, resposta e recompensa. Ao aplicar esse modelo à nossa relação com o dinheiro, podemos criar hábitos financeiros mais saudáveis e sustentáveis.
1. **Estímulo** Identifique os gatilhos que desencadeiam comportamentos financeiros indesejados e crie deixas para novos hábitos. Por exemplo, se você tende a gastar impulsivamente quando está estressado, crie uma deixa para uma atividade alternativa, como fazer uma caminhada ou meditar.
2. **Desejo:** Associe seus novos hábitos financeiros a resultados desejáveis. Em vez de se concentrar na privação, concentre-se nos benefícios de longo prazo de poupar e investir, como segurança financeira e liberdade de escolha.
3. **Resposta:** Torne seus novos hábitos financeiros os mais fáceis e convenientes possível. Automatize suas economias e investimentos, simplifique seu orçamento e elimine tentações desnecessárias.
4. **Recompensa:** Celebre seus progressos e recompense-se por aderir aos seus novos hábitos financeiros. Encontre maneiras de tornar o processo de poupar e investir gratificante e satisfatório.
A Economia Comportamental também nos oferece insights sobre como podemos projetar nosso ambiente para apoiar nossos novos hábitos financeiros. Por exemplo, a teoria do empurrão (nudge theory), desenvolvida por Richard Thaler e Cass Sunstein, sugere que podemos influenciar o comportamento das pessoas através de pequenas mudanças em seu ambiente.
Ao tornar as escolhas financeiras saudáveis mais fáceis e acessíveis, podemos “empurrar” a nós mesmos e a outros na direção de melhores decisões financeiras.
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Como Quebrar o Ciclo Intergeracional
Além de transformar nossa própria relação com o dinheiro, também temos a oportunidade de quebrar o ciclo intergeracional de crenças limitantes através da comunicação aberta, uma vez que falar abertamente sobre dinheiro com nossos filhos, ensinará habilidades financeiras básicas e modelará comportamentos saudáveis em relação às finanças.
A Economia Comportamental nos sugere que as crianças são particularmente suscetíveis a influências ambientais e sociais quando se trata de formar hábitos e crenças e por isso é importante envolver as crianças nas discussões sobre orçamento familiar, incentivar a poupança e o investimento desde cedo e demonstrar gratidão e generosidade em relação ao dinheiro, assim podemos ajudá-las a desenvolver uma mentalidade financeira saudável que as servirá ao longo da vida.
Construir um Futuro Financeiro Próspero
Transformar nossa relação com o dinheiro é uma jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal. Ao combinar os insights da Economia Comportamental com as estratégias práticas apresentadas por autores como Manfredini e Clear, nos ajuda a quebrar o ciclo de crenças negativas sobre o dinheiro e criar uma nova realidade financeira para nós mesmos e para as gerações futuras, independente da herança emocional que você tenha recebido.
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Conclusão: Lembre-se de que a mudança é possível.
Saiba que independentemente de sua história financeira ou das crenças limitantes que você possa ter herdado, com consciência, compromisso e ação consistente, você tem o poder de reescrever sua narrativa financeira e construir um futuro de prosperidade e abundância.
Comece hoje mesmo a desafiar suas crenças limitantes, criar novos hábitos financeiros e modelar uma relação saudável com o dinheiro para aqueles ao seu redor. Ao fazê-lo, você não apenas transformará sua própria vida financeira, mas também contribuirá para um mundo em que a educação financeira, a consciência e o empoderamento são normas praticáveis, e aquela herança emocional do dinheiro, caso negativa, pode perfeitamente ser substituída com esses novos hábitos.